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terça-feira, 15 de julho de 2025

Um monumento para a cachaça de alambique.

Mestre alambiqueiro Diego Zanchet e prefeito Mateus Trojan.
Imagem - Instagram Muçum do Brasil.
Muçum no Vale do Rio Taquari no Rio Grande do Sul é conhecida como a Cidade Rainha das Pontes, Túneis e Viadutos. É um importante ponto de passagem ferroviário e rodoviário e essencial para a logística no sul do Brasil. Cercada por montanhas e matas preservadas, a cidade está localizada na confluência de dois importantes e históricos rios, o Taquari que nomeia o vale e o Guaporé que desce da Serra gaúcha. A localização muito próxima aos rios confirma sua relação histórica com a navegação, essencial para a logística antes das pontes e ferrovias.

O cultivo de cana-de-açúcar e a produção de derivados como a cachaça de alambique também é histórica e desde os primeiros imigrantes italianos que ocuparam os vales dos rios, esta é uma atividade de grande importância econômica e cultural. Uma das primeiras marcas de cachaças premiadas do Brasil, a Rosário de Ouro na Feira de Turim na Itália em 1911 foi destilada em um alambique localizado neste município.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Da Cana ao Copo - (Quase) Todos os Segredos das Bebidas Destiladas da Cana-de-açúcar.

A cana-de-açúcar é uma planta que mudou completamente a cultura, a história, a economia e o consumo humano, 
facilitou a expansão e as conquistas territoriais, a formação de países, a integração econômica e as trocas comerciais entre os povos.

Com origem na ilha de Nova Guiné, a cana-de-açúcar chegou entre 10 e 12 mil anos em regiões da atual Índia onde existem os primeiros registros da cristalização do açúcar em livros sagrados como o Atharvaveda. Com os persas chegou ao mediterrâneo, com os Árabes à Espanha, com os espanhóis e portugueses às ilhas do Atlântico e finalmente aos extensos e propícios litorais do Brasil e da América.

Uma das características desta planta é a sua enorme capacidade de produção de derivados como açúcares e álcool em várias formas – cristal, mascavo, melado, refinado, rapaduras, tabletes, bebidas destiladas, álcool combustível.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

13 de setembro - Cachaça e cidadania.

Engenho São Jorge dos Erasmos em São Vicente/SP.
Imagem: https://www.engenho.prceu.usp.br/
No dia 13 de setembro é comemorado pelos produtores, apreciadores e profissionais como os Sommeliers e Masters Blenders o Dia da Cachaça, bebida reconhecida como a mais antiga das Américas que surgiu entre 1516 e 1532 em algum engenho desconhecido do litoral brasileiro das regiões Nordeste ou Sudeste.

Fato histórico é que o primeiro alambique para produção em escala significativa foi o Engenho São Jorge dos Erasmos em São Vicente no litoral paulista, atualmente preservado como Patrimônio Nacional. Mas com certeza antes disso muita “aguardente da terra”, como a cachaça era chamada no período colonial, já tinha passado pelas bicas dos alambiques do Novo Mundo.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Cachaçaria Vó Elena - Tenente Portela/RS.

O Rio Grande do Sul tem uma nova cachaçaria. Localizada em Tenente Portela no norte do Rio Grande do Sul a Cachaçaria Vó Elena recentemente conseguiu o registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com isso está totalmente legalizada e seguindo todas as diretrizes exigidas pelos órgãos públicos como o próprio MAPA, a Anvisa, o Ministério da Saúde e os licenciamentos ambientais que garantem a qualidade das cachaças e licores e a responsabilidade social e ambiental do empreendimento.

A história começou em 1985 com os avô Dorly Demari e o casal Gilmar e Beatriz Demari auxiliados pelo Sr Simplício Weber. Durante muitos anos a produção foi precária e informal, comercializada de maneira direta na própria região.  Gilmar e Beatriz tiveram três filhos, Felipe, Gustavo e Pablo Demari , que após se formarem retornaram para reorganizarem e profissionalizarem o antigo negócio familiar. A inauguração oficial é neste dia 09 de setembro com várias atrações artísticas e músicas gaúcha, sertaneja, pagode, rock e eletrônica e muita cachaça Vó Elena para os convidados degustarem.

domingo, 10 de julho de 2022

Lançamento oficial do livro (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas.

Autores agradecem a equipe, patrocinadores e produtores gaúchos.

No dia 07 de julho de 2022 aconteceu o lançamento oficial do livro (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas – Cultura e história da cachaça no Rio Grande do Sul que resgata a importância desta bebida e do cultivo da cana-de-açúcar para a formação cultural, econômica e histórica do Estado. Publicado com apoio da Lei de Incentivo à Cultura estadual, este trabalho dos autores Antonio Silvio Hendges e Leomar De Bortoli tem o apoio da LNF Latino Americana, Multimóveis, PCR Metais e RG Inox que possibilitaram a pesquisa realizada pelos autores e a publicação pela Facchin Editora. A produção cultural é da Atlanthica Associação Cultural e Literária dos Amigos da Natureza, História, Cultura e Arte do município de Bento Gonçalves na Serra Gaúcha.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Destilaria Weber Haus, 74 anos de conquistas.

Caninha Primavera, 1ª marca comercial da Weber Haus. Foto @zetoteloken
No dia 1º de junho a Weber Haus está de aniversário, 74 anos da fundação da empresa em 1948 por José Weber. Mas já nessa época a família Weber produzia cachaça há 100 anos, desde 1848. A produção inicial atendia ao mercado local da região de Ivoti/RS e era comercializada na porta do alambique diretamente com os consumidores. Os poucos excedentes eram armazenados em um tonel de cabriúva com 500 litros e levados até Novo Hamburgo/RS em uma carroça puxada por duas juntas de bois, onde era vendida ou trocada nas casas comerciais e vendas locais por outras mercadorias indispensáveis à família.

Em 1968, o filho de José Weber, Hugo Weber e sua esposa Eugênia lançaram a primeira marca comercial da empresa, a Caninha Primavera em garrafas de 600 ml e envelhecida em cabriúva. O nome da marca, uma homenagem à estação climática preferida dos imigrantes alemães que sempre comemoraram a chegada da primavera no sul do Brasil. A distribuição era realizada diretamente nos pontos de vendas e consumo em engradados de madeira e utilizando uma Kombi como meio de transporte.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Bolichos e pulperias no sul do mundo.

Pulperia, ilustração de Rodolfo Ramos.

O bolicho de campanha era o local que servia como armazém para os gaúchos que residiam distantes dos centros comerciais, geralmente peões, capatazes e alambradores das estâncias. Também eram os pontos de paradas onde os araganos e andarilhos do sul do continente descansavam, alimentavam os cavalos, encontravam charque, bolachas, rapaduras e outros alimentos e claro tomavam um trago de cachaça, “um gole de pura pra espantar o calor”. Telmo de Lima Freitas, compositor gaúcho.

Existiam dois tipos de bolichos, os que vendiam cachaça e vinho, também conhecidos na campanha como pulperias, influência dos espanhóis da região do Rio da Prata e norte da Argentina e do Uruguai, o balcão era protegido por grades, pois que por ali se achegavam além dos peões, uns araganos, gaudérios, gaúchos andarilhos vindos lá do outro lado do rio, uns até meio mal encarados que traziam lanças e adagas... Traziam também guitarras pampeanas e eventualmente gaitas de oito baixos. nas regiões dos imigrantes açorianos e italianos eram conhecidas como bodegas. O outro tipo era o armazém, que vendia de tudo, desde itens de montaria ao café, erva mate, farinhas, fumo em corda, sal, tecidos rústicos, velas, remédios e claro também a cachaça e o vinho que chegavam através dos tropeiros ou dos carreteiros que distribuíam as mercadorias nas longínquas estâncias do interior gaúcho.

Esta cachaça procedia das colônias de imigrantes açorianos, alemães, italianos e poloneses onde era também negociada por mercadorias indispensáveis aos imigrantes. A cachaça foi a primeira moeda de troca utilizada em grande escala no Rio Grande do Sul.


El Boliche de Virtú, ilustração de Mario Zavattaro. 


Os bolichos também eram o centro da vida cultural e social de muitas comunidades e estâncias.  Além das bailantas animadas por acordeons e guitarras campeiras, sempre existia uma cancha reta para a disputa das carreiras dos cavalos, um local para brigas de galos, mesas para o jogo de cartas e uma cancha de Tava, o famoso jogo do osso das regiões fronteiriças do Rio Grande do Sul. Saiba mais sobre o jogo da Tava - Clique aqui.

Onde tinha um bolicho ou uma pulperia existiam árvores, cavalos, músicas, danças e gaúchos de passagem. Geralmente era uma casinha humilde e isolada, o ponto de chegada de quem troteava em um longo caminho do Pampa, da Campanha ou das Serras com fome e sede, apeava e espichava as pernas e refrescava a goela com um trago de canha.

Descubra (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas.

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Alambique e doces Seleção - Santo Antônio da Patrulha/RS.

Imagem - Marketing Alambique Seleção.

A cana-de-açúcar chegou ao Rio Grande do Sul através dos imigrantes açorianos que a partir de 1752 colonizaram as áreas do litoral gaúcho como política de ocupação definitiva da região pelo império português. Até o Tratado de Madri em 1750 o Rio Grande do Sul pertencia à Espanha e os açorianos foram os primeiros que se fixaram definitivamente no território gaúcho e trouxeram as mudas da cana diretamente das ilhas dos Açores e Madeira.

Com a criação da Freguesia de Santo Antonio da Patrulha em 1771 os portugueses consolidam a ocupação do litoral gaúcho. É nesta região, no local conhecido como Posto da Guarda que em 1772 os irmãos portugueses Manoel e Antonio Nunes Benfica cultivam as primeiras mudas de cana e possivelmente instalaram um pequeno alambique.

Em 1809 Santo Antonio da Patrulha se torna o primeiro município gaúcho e sempre esteve relacionado com a produção da cana-de-açúcar e seus derivados. O município é conhecido como a Terra da Cachaça e da Rapadura tal a importância desta planta para a fixação dos colonizadores e a cultura luso açoriana, predominante entre os habitantes e presente em muitas manifestações culturais do município e do litoral gaúcho.

Imagem - Marketing Alambique Seleção.

No município existem muitos empreendimentos agro industriais familiares e entre estes está a Fábrica de Doces Seleção que produz açúcar mascavo, doces com vários sabores, rapaduras, mandolates, melado, paçoca, pé-de-moleque e  torrones. Também a partir de 14 de janeiro de 2022 obteve o registro no Ministério da Agricultura e se constituiu no mais recente alambique gaúcho com sua produção legal, o que amplia o catálogo de produtos, consolida a marca e abre espaço para que as cachaças com produção própria no Alambique Seleção se afirmem no mercado regional e em breve ganhem o mercado estadual e nacional.

Além das cachaças prata e envelhecidas será produzida aguardente de rapaduras e licores diversificados, inclusive da erva mate (Ilex paraguariensis), a planta utilizada no chimarrão gaúcho, hábito profundamente enraizado na cultura e nas tradições do Rio Grande do Sul.

Imagem - Marketing Alambique Seleção.

No princípio a comercialização das cachaças, aguardente de rapaduras e licores será na loja localizada no centro de Santo Antonio da Patrulha e no Seleção Parrilla, um restaurante que também pertence à família e que tem como especialidade do cardápio pratos tradicionais da culinária gaúcha e açoriana.

Em breve também serão encontradas em outros locais e lojas especializadas.

Conheça as cachaças, doces e licores Seleção Clique aqui

sábado, 8 de janeiro de 2022

A cultura e a história da cachaça no Rio Grande do Sul.

Leomar De Bortoli e Antonio Silvio Hendges. Foto: Zeto Teloken.

(Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas - Cultura e história da cachaça no Rio Grande do Sul é o nome do livro impresso e digital que será lançado no mês de abril, assinado pelos professores Antonio Silvio Hendges e Leomar De Bortoli, com uma pesquisa extensa nas cachaçarias, colecionadores, museus e tanoarias e regiões produtivas gaúchas.

Esse projeto cultural, que conta com financiamento do Pró Cultura – Governo do Estado do RS e realização da Associação Atlanthica resgatará a história, características, madeiras, peculiaridades sensoriais, gastronomia, coquetelaria, variedade, métodos, principais produtores e marcas das cachaças de alambique do Rio Grande do Sul, reconhecidas e premiadas em eventos e concursos nacionais e internacionais como bebidas destiladas de excelência.

Segundo os pesquisadores, “o cultivo da cana de açúcar e a produção de cachaças foram fundamentais para a sobrevivência e a economia das diversas colônias de imigrantes açorianos, alemães, italianos e outros que se fixaram no território do Rio Grande do Sul, nos séculos XVIII e XIX”. Também a importância dos tropeiros na distribuição e trocas de mercadorias tendo a cachaça como moeda está sendo abordada no livro, em uma perspectiva fundamental do desenvolvimento histórico e econômico regional.

A agricultura familiar orgânica como método de produção será outro destaque como um diferencial importante da qualidade das cachaças e bebidas destiladas no Rio Grande do Sul. A descrição dos produtores e principais marcas atuais têm como objetivo descrever o panorama da produção gaúcha de cachaças de qualidade, divulgar e incentivar o turismo personalizado nos alambiques e áreas de produção.

Os responsáveis pelas pesquisas e redação do livro (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas são os professores Antonio Silvio Hendges e Leomar De Bortoli, profundos estudiosos sobre a história e a produção da bebida.

Antonio Silvio é biólogo, pós-graduado em Auditorias Ambientais, com formação em cursos de Ciência e Produção de Cachaças de Qualidade, Envelhecimento de Bebidas Destiladas, Master Blender e Multissensorial de Bebidas Destiladas, Mestre Alambiqueiro e editor do Blog RS no Alambique; Leomar De Bortoli é matemático e físico, mestre em Ensino de Ciências e Matemática, Master Blender e Multissensorial das Bebidas Destiladas e ex-presidente da Confraria Gaúcha da Cachaça.

Com o lançamento da publicação, nos formatos impresso e digital, previsto para o mês de abril, esse projeto cultural tem patrocínios da LNF – Latino Americana, Multimóveis, PCR Metal e RG Inox.

Curiosidades sobre as cachaçarias gaúchas

Segundo o Instituto Brasileiro de Cachaça – IBRAC, a cachaça é o destilado mais consumido pelos brasileiros, presente em mais de 77 países, e um dos quatro destilados mais consumidos em todo mundo. Com 500 anos de história, também é o primeiro destilado das Américas e a primeira Indicação Geográfica do Brasil, ou seja, parte da identidade do Brasil. A bebida tem contribuído para o desenvolvimento do país, com toda sua relevância cultural, social e econômica, nas cinco regiões.

No Anuário da Cachaça 2020 o Rio Grande do Sul está na quinta posição com 43 (4,8%) dos estabelecimentos legalizados. No registro de produtos está na quarta colocação com 193 (6,32%) e em quarto lugar no registro de marcas com 295 (7,36%). O destaque fica para o município de Ivoti, principal polo produtor gaúcho, em sétimo lugar no registro de produtos por município com 32 (1,04%) e em terceiro lugar no registro de marcas com 99 (2,47%). Em relação ao número de produtores por habitantes, são 3,8 estabelecimentos registrados para cada milhão de gaúchos, atualmente em 11,377 milhões.

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domingo, 2 de janeiro de 2022

Cinco curiosidades sobre a cachaça no Rio Grande do Sul.

Livro (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas


Os açorianos No Brasil, a produção da cachaça se inicia com a colonização portuguesa ainda no Século XVI e expande-se no ritmo das conquistas territoriais, mas no Estado do Rio Grande do Sul somente no Século XVIII com a colonização dos Açorianos é que tem início o cultivo da cana-de-açúcar e a sua produção.

Os primeiros engenhos e possivelmente pequenos alambiques chegaram em 1770, trazidos pelos irmãos Manoel e Antônio Nunes Benfica que se instalaram em um local denominado Posto da Guarda, atual município de Santo Antônio da Patrulha. Em 1773, Domingos Fernandes Lima, trouxe mudas de cana-de-açúcar da Ilha da Madeira e  instalou um engenho nas margens da Lagoa da Pinguela na Estância da Serra, no atual município de Osório, onde iniciou a produção da cachaça e outros produtos derivados da cana, como o melado, o açúcar e rapaduras.

 Os alemães A colonização alemã no RS iniciou-se em 1824 e a partir de 1827 os imigrantes protestantes se instalaram em Três Forquilhas e os católicos na Colônia São Pedro, atuais municípios de Torres e Dom Pedro de Alcântara no litoral norte do Estado. Estes aprenderam com os açorianos a cultivar e utilizar a cana de açúcar que se tornou um dos principais cultivos. A destilação da cachaça iniciou-se em 1829 ou 1830 aproveitando a experiência anterior dos alemães na produção de um destilado de batatas denominado schnaps.


Em 1850 a escala de produção já era significativa, com a produção em Três Forquilhas de 91 tonéis e em Colônia São Pedro de 632 tonéis de 500 litros. Nestas duas áreas, a cachaça tornou-se o principal derivado da cana. Atualmente várias marcas gaúchas mantêm as influências destes colonizadores.

Os italianos Em 1875 iniciou-se a colonização italiana no RS e os imigrantes se fixaram em áreas que lembravam geograficamente e no clima o país de origem, nas regiões serranas onde passaram a desenvolver a agricultura, plantar videiras e destilarem a grappa, um derivado do bagaço fermentado da uva. Colônia Nova Milano atual município de Farroupilha, Colônia Conde D’Eu atual Garibaldi e Colônia Nova Isabel atual Bento Gonçalves são os núcleos originais da colonização italiana no RS.

Monumento aos Imigrantes Italianos em Bento Gonçalves/RS.

Logo após a instalação, os imigrantes começaram a desenvolver o cultivo da cana-de-açúcar e com a experiência adquirida na destilação da grappa, a produção de cachaça e outros derivados que se tornaram essenciais nas relações econômicas e de sobrevivência das novas colônias. Os imigrantes italianos desenvolveram muito a tanoaria ao introduzirem no RS os barris conhecidos como bordalesas.

Os tropeiros Os Tropeiros foram os principais responsáveis pelo transporte e distribuição das mercadorias no interior do Brasil durante mais de duzentos anos, do fim do Século XVII até o início do Século XX, aproximadamente de 1695 até 1930. Muitas cidades atuais foram fundadas ao longo dos caminhos das tropas formadas por muares, animais de carga resistentes que percorriam grandes distâncias. Um dos produtos que transportavam era a cachaça distribuída nas estâncias do interior gaúcho e também nas vilas e cidades ao longo dos passos das tropas.

Foto rara dos últimos tropeiros em Palmeiras das Missões/RS.

Alguns tropeiros distribuíam especialmente a cachaça e ficaram famosos pela qualidade e cuidados. Um destes tropeiros foi o gaúcho Bento Albino de Abreu, grande conhecedor das regiões interioranas e das trilhas da serra e do litoral. Em sua homenagem a marca Bento Albino é produzida no Alambique do Espraiado no município de Maquiné/RS.

A Aprodecana e os Alambiques Gaúchos Atualmente, a Associação dos Produtores de Cana de Açúcar e Seus Derivados do Rio Grande do Sul – Aprodecana, é a representante dos produtores gaúchos de todas as regiões do Estado. marca institucional  Alambiques Gaúchos promove a cachaça gaúcha no Brasil e no mercado externo em diversos países como a Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos e Inglaterra.


A produção orgânica, em sistema de agricultura familiar torna a cachaça gaúcha um produto regional diferenciado, que utiliza os processos mais modernos ao mesmo tempo em que valoriza os aspectos históricos e culturais das suas origens.

Visite os alambiques gaúchos e conheça a cultura, a história, as tradições, e a qualidade das cachaças e dos produtos da agricultura familiar do Rio Grande do Sul.

Conheça (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Datas importantes para a cachaça no Rio Grande do Sul.

Cachaças antigas produzidas no RS.

A cachaça no Rio Grande do Sul possui algumas características próprias. Este é um Estado que foi incorporado mais tarde ao território brasileiro, no Século XVII, pois era parte da Espanha pelo Tratado de Tordesilhas. A data considerada como marco original do Rio Grande do Sul é 1680 com a Fundação da Colônia do Sacramento na margem do Rio da Prata. A política de ocupação territorial então começa com os imigrantes açorianos.

1752 – Início da imigração açoriana como política de ocupação do Rio Grande do Sul pelo Império Português.

1770 – Registro das primeiras mudas de cana-de-açúcar trazidas pelos irmãos portugueses Manoel e Antonio Nunes Benfica que se instalaram no lugar denominado Posto da Guarda, atual município de Santo Antonio da Patrulha.

1773 –  Domingos Fernandes Dias que se instalou na margem da Lagoa da Pinguela na Estância da Serra, atual município de Osório, traz mudas de cana da Ilha da Madeira.

1778 – Registro da primeira destilação de cachaça no território gaúcho no mesmo local do item anterior. Este registro está em um documento com data de 1790.

1824 – Início da colonização alemã que se fixa nos vales dos rios e no litoral e dá escala na produção de cachaça, transformando a bebida em uma valiosa mercadoria que negociavam com os tropeiros e adquiriam produtos e ferramentas como roupas, café e instrumentos agrícolas. A destilação da cachaça pelos alemães iniciou-se em 1829 ou 1830 aproveitando a experiência na produção de um destilado de batatas denominado schnapps. Em 1850 a escala de produção já era significativa, com a produção na Colônia Três Forquilhas de 91 tonéis e na Colônia São Pedro de 632 tonéis de 500 litros.


Dorna de fermentação na Colônia São Pedro, atual município de Dom Pedro de Alcântara.
Foto - Vânia Rodrigues.


1848
– Primeiras destilações da Família Weber na Linha 48, atual município de Ivoti no Vale do Rio dos Sinos.

1875 – Início da colonização italiana que se fixa nos vales dos rios serranos e também aprende imediatamente o cultivo da cana e a produção de cachaças que utilizam como mercadoria fundamental nas trocas e aquisições de outros produtos com os tropeiros. Os italianos tinham um volume de produção menor, mas com muita qualidade. Foram os introdutores dos tonéis bordalesas no Rio Grande do Sul.

1925 – Primeiras destilações da atual Casa Bucco no Vale do Rio das Antas no município de Bento Gonçalves.

1928 – Inauguração da Usina Santa Martha no mesmo local do registro da primeira destilação no território gaúcho, na margem da Lagoa da Pinguela no município de Osório. Início da produção da cachaça Santa Martha, a primeira marca legal e registrada do RS.


Usina Santa Martha na margem da Lagoa da Pinguela, berço da cachaça gaúcha.


1948 – Instalação das primeiras estruturas da Destilaria Weber Haus no município de Ivoti e da produção da Caninha Primavera. A Weber Haus torna-se a partir do início deste século a grande referência de qualidade e inovação na produção das cachaças gaúchas.

1952 – Chegam ao Brasil os imigrantes italianos da família Borsato que terá papel fundamental no desenvolvimento da produção da cachaça no Rio Grande do Sul.

1985 – Marcello Borsato adquire a Fazenda Maribo no município de Osório, muito próximo dos locais da produção primitiva. Os produtos da Fazenda Maribo ganham fama e admiradores pela qualidade e apresentação em garrafas diferenciadas. Além da Santa Martha, na Fazenda Maribo eram produzidas as cachaças Velho Pescador e 30 Luas, que ganham fama nacional e internacional.

2014 – A Weber Haus adquire da Fazenda Maribo as marcas Santa Martha, Velho Pescador e 30 Luas ampliando a sua linha de produtos e qualificando ainda mais a produção destas cachaças.


Santa Martha, primeira marca registrada do RS.


Muitas outras datas poderiam ser acrescentadas, mas estas são as principais referências no desenvolvimento das cachaças gaúchas. Atualmente são muitos alambiques e marcas em todas as regiões do Estado, mas são mantidas as características originais da produção, principalmente por causa do clima ameno e com invernos rigorosos, fato que condiciona o cultivo da cana e os períodos de destilação. Mas este é um assunto para outra postagem.

Em breve o livro impresso e digital (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas. Com apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul.

domingo, 25 de abril de 2021

A cachaça e a vida.

Albino Hendges com a esposa Regina e a família. Meu pai é o primeiro da direita.

Para os pequenos agricultores do Rio Grande do Sul a cana-de-açúcar sempre foi fundamental para a sobrevivência e a economia das famílias e comunidades.

O uso da cana para a nutrição dos animais e a produção familiar e artesanal dos seus derivados, inclusive da cachaça, era uma indispensável fonte de energia nos rigorosos invernos gaúchos de até -10ºC.

A extração do caldo para a produção de bebidas como a cachaça e alimentos como açúcar mascavo, melado e rapaduras era realizada em moendas de madeira movidas por tração animal, geralmente uma parelha de bois, mulas ou rodas d'água.

Uma das minhas primeiras lembranças é o meu avô Albino Hendges liderando a família na colheita e moagem da cana para a produção de melado e rapaduras. A moenda instalada em sua propriedade localizada no Passo da Laje, atual município de Ibirapuitã, além da família servia aos moradores locais que chegavam com carretas puxadas por juntas de bois cheias de cana e utilizavam a estrutura de moenda, tachos e fornos no local para prepararem suas próprias reservas. Estes acontecimentos eram quase uma festa, uma integração familiar e social que às vezes reunia umas 40 pessoas.

Esse melado e rapaduras eram armazenados em barris e caixas de madeira que transmitiam um sabor muito especial, possivelmente barris de grápia ou cabreúva, árvores bem típicas das florestas da região.

Barril de aproximadamente 100 litros feito em 1911.

É claro que a cachaça estava presente e animava os mutirões, geralmente adquirida pela troca dos excedentes da agricultura e consumo familiar com os pequenos comerciantes das bodegas e bolichos: o Seu Orides e a Dona Vilma no Bom Sossego, o Valdemar Picinini no Passo da Laje, a bodega e o moinho dos Garcia no Quebra Dentes, o moinho dos Padilhas nas margem do Rio Porongos, o Bertol e o Portela na *Sédia.

Algumas marcas de cachaças da época eram Camponesa, Vila Velha, Tatuzinho, Tremapé, 7 Campos de Piracicaba e 3 Fazendas. Também adquiriam garrafões de vidro com 5 litros mas não sei de onde vinham, possivelmente de algum alambique pra os lados de Passo Fundo...

*Assim era denominado pelos habitantes das comunidades locais - Bom Sossego, Linha São João, Passo da Laje, Os Mânicas, Encruzilhada do Rio Povinho, Quebra Dentes, Santa Terezinha, Mato Alto, Tope (atual município de Nicolau Vergueiro) e outras menores - a sede do então 9º Distrito de Soledade e atual município de Ibirapuitã emancipado em 1987.

A cachaça na guampa era guardada na sombra e consumida nos intervalos para descanso dos mutirões. 

Estes mutirões aconteciam também em outras ocasiões como a colheita da erva mate, a preparação da terra, plantio e colheita dos vários produtos que eram cultivados nas pequenas e médias propriedades da região. E nunca faltava a cachaça que era enterrada no solo em uma sombra para resfriar. Outra forma de acondicionar a cachaça era em um chifre grande de gado bovino com o fundo e a tampa de madeiras como cabreúva, grápia, açoita-cavalo ou ipê que era chamada de "cachaça na guampa".

As moendas de madeira eram movidas por tração animal ou rodas d'água. Essa era movida por 1 junta de bois.

Com certeza estas lembranças motivaram minha identificação com a cachaça, a cana-de-açúcar e seus produtos, a agricultura familiar e orgânica, o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e a liberdade. Foram muitas as atitudes e aventuras em que as lembranças do canavial, da moenda e da liderança familiar e comunitária do meu avô impulsionaram os passos, as decisões, as curiosidades e descobertas nas estradas da vida.

 Cachaça 100% Brasil 

Antonio Silvio Hendges, escritor e sommelier.

 Livro (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas. 

terça-feira, 13 de abril de 2021

A Fazenda Maribo e as cachaças 30 Luas e Velho Pescador.


Kit 30 Luas. Foto: Weber Haus.
A saga começa na região do Vêneto na Itália e se estende ao Brasil em 1952 quando os pais de Marcelo Borsato desembarcam no Porto de Santos/SP procurando no Brasil o que a Europa pós 2ª Guerra não tinha: paz e... oportunidades. Lá na Itália os Borsato tinham uma longa tradição de cultivo de produtos da terra e de excelência na produção de receitas de alimentos e bebidas. O final do longo caminho foi a Serra Gaúcha no município de Veranópolis onde iniciaram a produção de destilados que ganharam destaque pela qualidade.

Marcello Borsato casou-se com Mari Milani e tiveram três filhos que continuaram as atividades na agroindústria familiar. Em 1985 a família adquire uma fazenda no município de Osório no litoral norte gaúcho e compondo o nome Mari com as iniciais do sobrenome Borsato é denominada Fazenda Maribo. Aqui melhoraram ainda mais a qualidade dos seus produtos e tornaram famosas algumas marcas de bebidas destiladas como as cachaças 30 Luas e Velho Pescador que eram vendidas aos turistas e clientes no famoso “Armazém da Fazenda Maribo” junto com geleias finas, licores, pães, queijos e salames coloniais. E assim a fama das cachaças da Fazenda Maribo ganhou o Brasil e o mundo.

Cachaças Velho Pescador. Foto: Weber Haus


As cachaças da Fazenda Maribo foram as primeiras no RS e no país a utilizarem garrafas diferenciadas com designs inovadores e acabamento esmerado e também estratégias de marketing mais elaboradas. Por exemplo, a marca 30 Luas faz referência aos trinta ciclos lunares de envelhecimento em barris de carvalho – 2,5 anos; a marca Velho Pescador evoca as águas, os rios e paisagens ribeirinhas, a natureza e a sua importância na memória e no inconsciente coletivo como atividade ancestral humana.


Velho Pescador Prata.


Em 2014, a Destilaria Weber Haus localizada em Ivoti/RS e a mais premiada do Brasil adquiriu estas duas marcas e continua a sua produção preservando os atributos originais e com isso a História da cachaça no Rio Grande do Sul e no país, pois a Fazenda Maribo sempre será uma referência de inovação, pioneirismo e qualidade.

Fonte das informações: Clique aqui e aqui.


Antonio Silvio Hendges

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

A Usina Santa Martha: patrimônio cultural da cachaça gaúcha.

Fonte - Rodrigo Trespach.

Este post conta a história da Usina Santa Martha, que produziu a primeira marca registrada e legalizada de cachaça no Rio Grande do Sul e que continua sua saga agora na linha de produtos Weber Haus. Mas tudo começou bem antes... mais de 150 anos antes...

As primeiras mudas de cana chegaram ao Rio Grande do Sul no início da década de 1770, trazidas pelos imigrantes açorianos e de outras regiões e ilhas portuguesas. Há indicações que os primeiros engenhos e possivelmente pequenos alambiques gaúchos foram instalados pelos irmãos portugueses Manoel e Antônio Nunes Benfica no local conhecido como Posto da Guarda, atual município gaúcho de Santo Antonio Da Patrulha. O imigrante Domingos Fernandes Lima, trouxe mudas  de cana da Ilha da Madeira e se instalou na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Arroio, onde iniciou a produção de açúcar e aguardente em um engenho instalado na margem da Lagoa da Pinguela, atual município de Osório. O primeiro documento sobre este assentamento é a requisição do título de posse da área em 1890 que cita o ano de 1878 como o início da produção de cachaça no Rio Grande do Sul. Posteriormente, os imigrantes alemães e italianos desenvolveram e deram escala a produção, especialmente a partir de 1828 nas colônias alemãs de São Pedro e Três forquilhas no litoral norte gaúcho.


Fonte - Rodrigo Trespach.

A Usina Santa Martha foi instalada em 12 de fevereiro de 1928 no mesmo local do antigo engenho da Lagoa da Pinguela, exatos 150 anos após o primeiro registro da produção de cachaça no território gaúcho e 100 anos após a primeira safra registrada pelos imigrantes alemães. O acontecimento foi tão importante que contou com a presença do então Presidente da Província e futuro Presidente brasileiro, Getúlio Vargas e seu padrinho político, o caudilho Borges de Medeiros.

Na usina Santa Martha se produziu o primeiro açúcar branco no RS, este era mesmo o principal objetivo, mas o mestre Câmara Cascudo estava correto: “Onde mói um engenho, destila um alambique”. E na Lagoa da Pinguela já existia um reinstalado no final do século XIX por João Issler e operado pela Bromberg & Companhia, empresa fundada em Porto Alegre pelo legendário imigrante alemão Martin Bromberg. A área e instalações foram adquiridas por Abraão Pereira de Souza, que se associou com Bernardo Dreher & Companhia, empresa de navegação lacustre que assumiu a logística de transporte do açúcar, da cachaça e do álcool. A Usina Santa Martha utilizava equipamentos importados da Alemanha e fabricados pela Siemens, Schuckert e Borsig. A produção chegou a 60 mil sacas anuais de açúcar cristal entre 1928 e 1938 quando encerrou as atividades.


Santa Martha envelhecida em grápia. Fonte - Ethylica.

A Santa Martha é a primeira marca registrada do Rio Grande do Sul e seu rótulo é um ícone na história da cachaça gaúcha, reproduzindo a paisagem exata da usina em sua melhor fase. Além da prata, a Santa Martha sempre foi envelhecida em barris e dornas de grápia e esta é uma tradição que se mantem até hoje, preservada pela Destilaria Weber Haus que em 2013 adquiriu a marca da também legendária Fazenda Maribo (vamos contar sobre isso também, mas em outro post).


Santa Martha Prata.

Atualmente a Usina Santa Martha é tombada como Patrimônio Histórico e Cultural do município de Osório através da Lei nº 2.881/1997.

Referências:

- Janete Rocha Machado. Empreendedorismo Teuto-Riograndense: O Caso das Empresas Bromberg & Cia. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/revistaihgrgs/article/view/86378. Acesso em: 08 fev.2021.

- OSÓRIO, Rio Grande do Sul, Brasil. Lei nº 2881 de 29 de julho de 1997. Declara tombadas as ruinas da Usina Santa Martha e dá outras providências. Disponível em: http://leismunicipa.is/jqcfr. Acesso em: 08 fev. 2021.

- Rodrigo Trespach. Breve história da Usina Santa Marta (1928). Disponível em: http://www.rodrigotrespach.com/2016/12/09/a-usina-santa-marta-1928/. Acesso em: 08 fev.2021.

sábado, 12 de setembro de 2020

13 de setembro - O dia que a cachaça conquistou a cidadania.

Foto - Paulo Vilela, Shutterstock.com

No dia 13 de setembro é comemorado pelos produtores, apreciadores e profissionais o Dia da Cachaça, bebida reconhecida como a mais antiga das Américas que surgiu entre 1516 e 1532 em algum lugar do litoral brasileiros das regiões Nordeste ou Sudeste. Fato histórico é que o primeiro alambique para produção em escala significativa foi o Engenho São Jorge dos Erasmos em São Vicente no litoral paulista - atualmente reconhecido como Patrimônio Nacional - e o primeiro registro de produção de 1532. Mas com certeza antes disso muita “aguardente da terra”, como era chamada no período colonial, já tinha passado pelas bicas dos alambiques do Novo Mundo.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Os Tropeiros e as cachaças gaúchas.

Registros raros dos últimos tropeiros. Fonte: Internet.
Os Tropeiros foram os principais responsáveis pelo transporte, distribuição e comércio das mercadorias no interior do Brasil durante mais de duzentos anos, do fim do Século XVII até o início do Século XX, de 1695 até em torno de 1935. Muitas cidades atuais foram fundadas ao longo dos caminhos das tropas de muares, animais de carga resistentes que percorriam grandes distâncias. Um dos produtos transportados era a cachaça, consumida nas áreas rurais, mas também nas vilas e cidades.

A ocupação definitiva do Rio Grande do Sul aconteceu a partir do Século XVIII com a introdução dos imigrantes açorianos. Em 1773, Domingos Fernandes Lima trouxe da Ilha da Madeira as primeiras mudas de cana e instalou-se em um local denominado Lagoa da Pinguela da Estância da Serra no atual município gaúcho de Osório, onde começou a produzir derivados da cana, inclusive cachaças. Com a imigração alemã a partir de 1824 e a fixação destes no território, a produção de cachaça ganhou escala com todas as colônias plantando a cana e elaborando seus derivados, atividade que provavelmente aprenderam com os açorianos. Uma única colônia, São Pedro no atual município de Dom Pedro de Alcântara no litoral norte do RS, em 1850 produziu 632 tonéis de 500 litros*.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Cachaçaria Brix 21, Porto Alegre/RS.

Rafael Lutgmeyer
Durante uma visita à cidade de Paraty no Rio de Janeiro, o gaúcho Rafael Lutgmeyer observou uma loja de cachaças diferente das convencionais, com uma proposta que além do apelo comercial também destacava a estética, o bom gosto, a comunicação com os clientes e a informação sobre os produtos expostos. “As garrafas estavam bem distribuídas, o ambiente era bem iluminado e chamava a atenção de todos que passavam na rua. Como já era apreciador de cachaça fiquei com vontade de usufruir mais tempo naquele local”, relembra o atual sócio-diretor da Cachaçaria Brix 21.

A partir desta experiência, conta Rafael, surgiu a ideia e a disposição de empreender no sul do Brasil, na cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, tendo como referência este perfil de loja de qualidade especializada em cachaças de alambique. Para isso, foi necessário capacitação e a busca de conhecimentos para referenciarem a seleção das marcas. Um curso de mestre alambiqueiro no Estado de Minas Gerais forneceu os conhecimentos teóricos e práticos sobre a produção de cachaças de qualidade, além de estudos e pesquisas sobre os aspectos históricos e culturais. “O próximo passo foi visitar os cachaceiros, aprendendo, conhecendo-os e principalmente avaliando a produção de todos. Sendo as mesmas marcas nestes quase cinco anos, até a próxima jornada. Assim os clientes têm informações gerais sobre todas as nossas bebidas e seus produtores, como características, regiões, além das histórias destes produtores”.

Cachaçaria Brix 21, Centro Histórico de Porto Alegre/RS.
Na Brix 21, os clientes são orientados através da degustação para reconhecerem as características e especificidades das cachaças que estão adquirindo. “E nela este cliente fundamentará sua proposta para si ou para alguém através do conhecimento adquirido, da experiência. E, principalmente, ao ir embora, pós degustação e compra ou não, ele terá a certeza que pode ter na boa cachaça sempre que precisar um ótimo destilado para apreciar ou presentear alguém”.

Além de loja com mais de duzentas marcas expostas, a Cachaçaria Brix 21 também é um espaço cultural e desenvolve eventos temáticos diversos abertos e com público restrito, “... sempre valorizando as cachaças de alambique como bebida de alta qualidade estendendo a todos a vivência de conhecer, saborear, degustar e comprar a seleção realizada nesta viagem, em um ambiente distinto e atrativo através da cultura passada e presente da cachaça em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e Brasil”.

Em julho de 2020,  a Cachaçaria Brix 21 encerrou suas atividades por causa da epidemia Covid.

Rua Marechal Floriano Peixoto, 705.
Centro Histórico de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 



Cachaçaria Brix 21, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil.

During a visit to the city of Paraty in Rio de Janeiro State, Rafael Lutgmeyer discovered a differentiated cachaça store, which focused not only on the commercial aspect, but also on the aesthetics, good taste, communication with the customers and information about the exhibited products. “ The bottles were very well distributed, the environment was very well illuminated and it took the attention of everybody that passed in the street. Since I was already a cachaça lover I wanted to spend more time in that place”, remembered the current partner director of Cachaçaria Brix 21.


Since this experience, tells Rafael, I came up with the idea and arrangments to create a business in the south of Brazil, in the city of Porto Alegre, capital of the State of Rio Grande do Sul, based on the artisanal cachaça store stands I visited. To make this happen, it was necessary to be trained and search, for knowledge to have references in the selection of the brands. A course of mestre alambiqueiro (specialist in producing cachaça) in the State of Minas Gerais provided the practical and theoretical knowledge about high-quality cachaça production, as well as studies and searches about its historic and cultural aspects. “The next step was visiting the cachaça producers, knowing them, learning and primarily evaluating their production. We are with brands we have selected for almost five years. Thus, the customers have general information about the beverages, such as their characteristics, regions, as well as the history of their producers”.


At Brix 21, the customers are taught through degustation to recognize the features and specificities of the cachaças they are buying. “On the experience and acquired knowledge in the degustation, the customers will base their purchase for themselves or somebody else. And most importantly, after the degustation, buying something or not, they will be sure that the good cachaça is always a great distillate to appreciate or give to someone.”

Besides a cachaça store with more than two hundred brands, the Cachaçaria Brix 21 is also a cultural space and holds several thematic events, open or restricted to public, “... always appreciate the artisanal cachaça as a  high-quality beverage, providing to everyone the experience of knowing, tasting, and buying it, in a differentiated and attractive environment, through the past and present culture of the cachaça, in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil”.

In July 2020, Cachaçaria Brix 21 ended its activities due to the Covid epidemic.

Rua Marechal Floriano Peixoto, 705.
 Porto Alegre Historic Centre, Rio Grande do Sul, Brazil.

 
English Version: Gustavo Carvalho Hendges. Email: gc.hendges@gmail.com