quarta-feira, 26 de maio de 2021

Datas importantes para a cachaça no Rio Grande do Sul.

Cachaças antigas produzidas no RS.

A cachaça no Rio Grande do Sul possui algumas características próprias. Este é um Estado que foi incorporado mais tarde ao território brasileiro, no Século XVII, pois era parte da Espanha pelo Tratado de Tordesilhas. A data considerada como marco original do Rio Grande do Sul é 1680 com a Fundação da Colônia do Sacramento na margem do Rio da Prata. A política de ocupação territorial então começa com os imigrantes açorianos.

1752 – Início da imigração açoriana como política de ocupação do Rio Grande do Sul pelo Império Português.

1770 – Registro das primeiras mudas de cana-de-açúcar trazidas pelos irmãos portugueses Manoel e Antonio Nunes Benfica que se instalaram no lugar denominado Posto da Guarda, atual município de Santo Antonio da Patrulha.

1773 –  Domingos Fernandes Dias que se instalou na margem da Lagoa da Pinguela na Estância da Serra, atual município de Osório, traz mudas de cana da Ilha da Madeira.

1778 – Registro da primeira destilação de cachaça no território gaúcho no mesmo local do item anterior. Este registro está em um documento com data de 1790.

1824 – Início da colonização alemã que se fixa nos vales dos rios e no litoral e dá escala na produção de cachaça, transformando a bebida em uma valiosa mercadoria que negociavam com os tropeiros e adquiriam produtos e ferramentas como roupas, café e instrumentos agrícolas. A destilação da cachaça pelos alemães iniciou-se em 1829 ou 1830 aproveitando a experiência na produção de um destilado de batatas denominado schnapps. Em 1850 a escala de produção já era significativa, com a produção na Colônia Três Forquilhas de 91 tonéis e na Colônia São Pedro de 632 tonéis de 500 litros.


Dorna de fermentação na Colônia São Pedro, atual município de Dom Pedro de Alcântara.
Foto - Vânia Rodrigues.


1848
– Primeiras destilações da Família Weber na Linha 48, atual município de Ivoti no Vale do Rio dos Sinos.

1875 – Início da colonização italiana que se fixa nos vales dos rios serranos e também aprende imediatamente o cultivo da cana e a produção de cachaças que utilizam como mercadoria fundamental nas trocas e aquisições de outros produtos com os tropeiros. Os italianos tinham um volume de produção menor, mas com muita qualidade. Foram os introdutores dos tonéis bordalesas no Rio Grande do Sul.

1925 – Primeiras destilações da atual Casa Bucco no Vale do Rio das Antas no município de Bento Gonçalves.

1928 – Inauguração da Usina Santa Martha no mesmo local do registro da primeira destilação no território gaúcho, na margem da Lagoa da Pinguela no município de Osório. Início da produção da cachaça Santa Martha, a primeira marca legal e registrada do RS.


Usina Santa Martha na margem da Lagoa da Pinguela, berço da cachaça gaúcha.


1948 – Instalação das primeiras estruturas da Destilaria Weber Haus no município de Ivoti e da produção da Caninha Primavera. A Weber Haus torna-se a partir do início deste século a grande referência de qualidade e inovação na produção das cachaças gaúchas.

1952 – Chegam ao Brasil os imigrantes italianos da família Borsato que terá papel fundamental no desenvolvimento da produção da cachaça no Rio Grande do Sul.

1985 – Marcello Borsato adquire a Fazenda Maribo no município de Osório, muito próximo dos locais da produção primitiva. Os produtos da Fazenda Maribo ganham fama e admiradores pela qualidade e apresentação em garrafas diferenciadas. Além da Santa Martha, na Fazenda Maribo eram produzidas as cachaças Velho Pescador e 30 Luas, que ganham fama nacional e internacional.

2014 – A Weber Haus adquire da Fazenda Maribo as marcas Santa Martha, Velho Pescador e 30 Luas ampliando a sua linha de produtos e qualificando ainda mais a produção destas cachaças.


Santa Martha, primeira marca registrada do RS.


Muitas outras datas poderiam ser acrescentadas, mas estas são as principais referências no desenvolvimento das cachaças gaúchas. Atualmente são muitos alambiques e marcas em todas as regiões do Estado, mas são mantidas as características originais da produção, principalmente por causa do clima ameno e com invernos rigorosos, fato que condiciona o cultivo da cana e os períodos de destilação. Mas este é um assunto para outra postagem.

Em breve o livro impresso e digital (Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas. Com apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

(Quase) Todos os Segredos das Cachaças Gaúchas.

Imagem ilustrativa.

Em breve o livro impresso e digital com apoio da Lei de Incentivo à Cultura - Procultura do Estado do Rio Grande do Sul. O projeto foi aprovado no dia 27 de abril em votação do Conselho Estadual de Cultura gaúcho que autorizou a busca de recursos junto aos apoiadores para a edição e lançamento deste trabalho que resgata a cultura, a história e as tradições do cultivo da cana-de-açúcar e da produção dos seus derivados como a cachaça neste Estado.

O projeto nasceu com a proposta de um ebook e a descrição dos principais alambiques gaúchos, mas evoluiu para uma parceria com a Associação Cultural Atlântica de Bento Gonçalves/RS.  A partir daí se tornou um amplo projeto com mais de dois anos de pesquisas que reúne as informações e resgata a história e cultura da cachaça no Estado, desde a chegada das primeiras mudas de cana trazidas pelos açorianos ao desenvolvimento do cultivo e da produção de derivados pelos imigrantes alemães e italianos. A importância dos tropeiros na distribuição e trocas de mercadorias com a cachaça como uma das mais valorizadas é abordada em uma perspectiva fundamental do desenvolvimento cultural, histórico e econômico regional.


Os autores visitaram alambiques e áreas de produção do Rio Grande do Sul.


Também há uma valorização da gastronomia tradicional do sul e do uso da cachaça em receitas salgadas e doces, além de coquetéis exclusivos elaborados por bartenders e mixologistas gaúchos. A descrição dos principais alambiques e regiões produtoras traz o panorama atual da produção e da importância cultural da cachaça no Estado.

Nos próximos meses será organizada a equipe de produção e a busca de recursos junto às empresas gaúchas para viabilizar a edição deste trabalho que pretende divulgar uma parte fundamental da cultura, da história e das tradições regionais e brasileiras.


A produção orgânica e a agricultura familiar são características das cachaças do RS.