terça-feira, 5 de maio de 2020

Os Tropeiros e as cachaças gaúchas.

Registros raros dos últimos tropeiros. Fonte: Internet.
Os Tropeiros foram os principais responsáveis pelo transporte, distribuição e comércio das mercadorias no interior do Brasil durante mais de duzentos anos, do fim do Século XVII até o início do Século XX, de 1695 até em torno de 1935. Muitas cidades atuais foram fundadas ao longo dos caminhos das tropas de muares, animais de carga resistentes que percorriam grandes distâncias. Um dos produtos transportados era a cachaça, consumida nas áreas rurais, mas também nas vilas e cidades.

A ocupação definitiva do Rio Grande do Sul aconteceu a partir do Século XVIII com a introdução dos imigrantes açorianos. Em 1773, Domingos Fernandes Lima trouxe da Ilha da Madeira as primeiras mudas de cana e instalou-se em um local denominado Lagoa da Pinguela da Estância da Serra no atual município gaúcho de Osório, onde começou a produzir derivados da cana, inclusive cachaças. Com a imigração alemã a partir de 1824 e a fixação destes no território, a produção de cachaça ganhou escala com todas as colônias plantando a cana e elaborando seus derivados, atividade que provavelmente aprenderam com os açorianos. Uma única colônia, São Pedro no atual município de Dom Pedro de Alcântara no litoral norte do RS, em 1850 produziu 632 tonéis de 500 litros*.

Os imigrantes italianos a partir de 1875 também iniciaram o cultivo da cana e a produção de cachaças nos vales dos rios que cortavam as regiões serranas onde se instalaram e descobriram micro climas favoráveis que possibilitava em pequenos lotes de terra uma grande produção. Os italianos também começaram a utilizar a cachaça de forma mais sistemática na sua culinária e o que não era consumido nas colônias enviavam para outras regiões ou trocavam por produtos que necessitavam no dia a dia.

Uma das formas de distribuição da produção excedente das colônias, possivelmente a principal, era através dos tropeiros que levavam a cachaça, inclusive para outros Estados e traziam produtos que os colonos precisavam como ferramentas, gêneros alimentícios e tecidos. Estas trocas foram fundamentais para a sobrevivência e o desenvolvimento das regiões ocupadas pelos imigrantes e seus descendentes. Portanto, a cachaça foi um dos principais produtos que os tropeiros adquiriam nas colônias e efetuavam sua distribuição em um amplo território, desde o Rio Grande do Sul até Minas Gerais.

Bento Albino Extra Premium.

Alguns tropeiros comercializavam especialmente a cachaça e ficaram famosos pelos cuidados e qualidade dos produtos que comercializavam ao longo dos passos das tropas. É o caso do tropeiro Bento Albino de Abreu, grande conhecedor das trilhas do litoral e das regiões serranas e que tinha extremo cuidado com o transporte e a qualidade da cachaça. Atualmente os seus descendentes produzem a cachaça Bento Albino no Município de Maquiné no litoral do RS. Uma bela homenagem ao tropeirismo, movimento fundamental para a integração do território brasileiro.

*Informações disponíveis na página da Prefeitura de Dom Pedro de Alcântara.






RS no alambique, saúde!

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