sábado, 18 de junho de 2022

Estiagem diminui produção de cana-de-açúcar e derivados no RS.

Cultivo da cana-de-açúcar no Vale do Rio Taquari.
A produção de cana-de-açúcar e derivados como a cachaça, açúcar mascavo, melado e rapaduras será menor em 2022 do que nas safras anteriores no Rio Grande do Sul. O principal fator desta diminuição foi a longa estiagem que aconteceu em todas as regiões do Estado e que influenciou não apenas este cultivo, mas  a agricultura gaúcha em todas as atividades. Foram vários anos com chuvas abaixo da média e em alguns locais os recursos hídricos desapareceram obrigando ao abastecimento externo das famílias e comunidades. A agricultura familiar e as agroindústrias foram muito impactadas nesta emergência climática.

No caso da cana-de-açúcar a quebra na safra em algumas regiões como no noroeste gaúcho chega aos 30% com um desenvolvimento abaixo da média das variedades cultivadas. O produtor Sérgio Young da Cachaçaria Seiva Missioneira no município de Caibaté afirma que os colmos estão em torno de 1,60 metros enquanto em períodos hídricos normais chegam até 2,20 metros. Em Alecrim no extremo noroeste do RS na fronteira com a Argentina a Cachaçaria Pasieka adiou a produção para setembro, o canavial foi muito impactado em seu desenvolvimento e maturação.


Cultivo da cana-de-açúcar em Alecrim no noroeste do RS.


No Vale do Rio Taquari a produção também foi bastante afetada. Paulo Reis do Alambique Berwanger no município de Estrela relata que não foi possível o plantio de novas mudas, parte dos canaviais antigos morreram e outras não foram colhidas, pois as canas se tornaram muito fibrosas e não possuem caldo, com o desenvolvimento prejudicado tanto na altura como no diâmetro dos colmos, além do aparecimento de pragas e doenças inexistentes nas safras anteriores.

No município de Santa Tereza, o produtor Ivandro Remus da Cachaçaria Velho Alambique também relata que as plantas não se desenvolveram, foram queimadas pelo calor excessivo e a qualidade ficou muito prejudicada, em alguns locais com perdas superiores a 50%. A safra 2022 também ficou para setembro com uma defasagem de mais de três meses no crescimento dos canaviais.

Isso tem reflexos nos custos de manejo dos cultivos, colheitas e processamento da cana que são os mesmos ou maiores que nas safras cheias. Enquanto os custos são fixos, a produção e a qualidade diminuem e isso é muito prejudicial principalmente aos pequenos produtores que às vezes usam os recursos das safras anteriores para financiarem a produção. Espera-se de parte dos órgãos públicos uma atenção especial para a agricultura gaúcha e aos pequenos agricultores familiares, categoria na qual praticamente toda a produção gaúcha de cana está inserida.

“A estiagem para quem é produtor é prejuízo total, pouco ou bastante afeta todos e nós da cana-de-açúcar também fomos muito impactados”. 

Ivandro Remus, produtor do Vale do Rio Taquari no RS.



Antonio Silvio Hendges

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