Cultivo de cana-de-açúcar no litoral do Rio Grande do Sul. |
Outra característica do cultivo da cana-de-açúcar para a produção de cachaças de alambique é a consorciação próxima com outras culturas, intercalando cultivos de outras plantas como cereais, frutas, leguminosas, raízes e produtos consumidos nas propriedades ou na região, contribuindo desta maneira para a diversidade biológica e a saúde dos ecossistemas e do meio ambiente. Ou seja, a produção da cachaça de alambique é uma atividade sustentável, de pequena escala e que estimula uma cadeia econômica de desenvolvimento integrado com benefícios ao longo de toda a cadeia, desde o cultivo ao consumo.
Por outro
lado, o modelo predominante do agronegócio é a produção em larga escala de commodities
relacionadas diretamente ao mercado internacional, negociáveis como mercadorias
futuras em bolsas de valores e economicamente vinculadas aos capitais de risco.
O uso intensivo de tecnologias e de insumos da indústria química nas várias etapas da
produção também é uma característica do agronegócio extensivo, bem como a
exportação da quase totalidade desta produção.
Canavial e alambique na transição da Serra Gaúcha com o Planalto Médio. |
Esta agropecuária tecnológica voltada ao mercado externo não produz necessariamente alimentos para consumo humano, mas também insumos primários e secundários para rações e outros usos industriais. A atenção e foco econômico estão no mercado internacional - nas bolsas de valores e nos estoques - e não no mercado interno e nem no consumo dos seus produtos.
Portanto, a cachaça de alambique está mais relacionada com a agricultura familiar e orgânica, com a produção local, a geração direta de trabalho e renda, o consumo, a economia e o mercado interno. A cachaça de alambique não é uma commoditie, por isso mesmo podem-se qualificar os processos, agregar valor, inovar e conquistar os paladares, corações e mentes dos consumidores, inclusive do exterior.
Alambique no Vale do Rio Taquari em Estrela/RS. |
Isso também se reflete nas políticas e financiamentos públicos que precisam ser diferentes dos direcionados ao agronegócio voltado à produção de commodities exportáveis. São necessárias linhas de ação mais direcionadas, voltadas ao desenvolvimento da agricultura e da agroindústria interna, com financiamentos acessíveis, valorização da produção local e regional, qualificação dos produtores e desenvolvimento da cadeia econômica de consumo.
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