Canavial na Cachaçaria Pasieka em Alecrim/RS na divisa com a Argentina. |
A cana-de-açúcar chegou ao Rio Grande do Sul mais tarde do que no restante do país em que o cultivo e a produção dos seus derivados como o açúcar e a cachaça começaram logo após o descobrimento. O RS até 1750 era parte da Espanha e neste ano com o Tratado de Madri aconteceu uma troca de territórios em que o atual território gaúcho passou para os portugueses que iniciaram a colonização em 1752 com o envio de casais açorianos que se instalaram incialmente nas regiões litorâneas. Foram estes imigrantes açorianos que trouxeram as primeiras mudas de cana diretamente das ilhas portuguesas.
O primeiro registro da cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul é
de 1770 pelos irmãos Antônio e Manuel Nunes Benfica que se instalaram no Posto
da Guarda, atual município de Santo Antônio da Patrulha, mas é provável que o
cultivo já estivesse presente. Em 1773 o
imigrante Domingos Fernandes Lima trouxe mudas da Ilha da Madeira e instalou um
engenho para a produção de aguardente na Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição do Arroio na margem da Lagoa da Pinguela no atual município gaúcho de
Osório. O primeiro registro da destilação no RS é de 1778.
Monumento aos imigrantes açorianos em Porto Alegre/RS. Foto: autor não identificado. |
Em 1824 com a chegada dos imigrantes alemães o cultivo da cana é expandido para o litoral norte e para os vales dos rios dos Sinos e Caí e a produção dos seus derivados se torna fundamental para as colônias que os utilizam, principalmente a cachaça e rapaduras, como moeda de troca com os tropeiros e carreteiros por outros itens, ferramentas, sementes, tecidos, medicamentos, animais de tração como juntas de bois, cavalos e mulas, essenciais para a fixação, o desenvolvimento e a integração das colônias.
Arquitetura típica dos imigrantes alemães em Ivoti/RS. |
Os imigrantes italianos a partir de 1875 também encontraram
na cana-de-açúcar cultivada nos micro climas dos vales dos rios serranos como o
Taquari, a energia para enfrentar os longos e rigorosos invernos sulinos e
também utilizaram os derivados como uma moeda de troca na aquisição de produtos
e equipamentos essenciais à sobrevivência das comunidades. Os imigrantes
poloneses que chegaram ao RS em 1886 também cultivaram a cana-de-açúcar e da
mesma forma que os anteriores utilizaram os derivados como fonte de energia e
para trocas com os tropeiros, carreteiros e outras comunidades de imigrantes
gaúchos.
Monumento aos imigrantes italianos em Bento Gonçalves/RS. |
Atualmente a cana é cultivada em todas as regiões gaúchas,
principalmente pela agricultura familiar com muitas plantações orgânicas. A
produção de açúcar mascavo, cachaça, melado e rapaduras continuam importantes,
inclusive ganhando destaques e premiações nacionais e internacionais. A Embrapa
Clima Temperado situada em Pelotas/RS pesquisa e desenvolve variedade adaptadas
ao clima subtropical do Rio Grande do Sul.
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Que beleza, Antônio. Eu conheci a cachaça, em Porto Lucena, lá por 1970, ao lado do meu pai. Eu tinha uns 5 anos che! Foi paixão eterna. Sinceramente, ao lado da nossa nova e do churrasco, cachaça, na forma da caipirinha, é o grande atrativo do Brasil para o mundo no universo da gastronomia!
ResponderExcluirMuito obrigado! A cachaça é realmente uma paixão e tem mesmo o nosso dna cultural brasileiro e gaúcho. Um brinde, saúde!
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