sábado, 9 de abril de 2022

O cultivo da cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul.

Canavial na Cachaçaria Pasieka em Alecrim/RS na divisa com a Argentina.

A cana-de-açúcar chegou ao Rio Grande do Sul mais tarde do que no restante do país em que o cultivo e a produção dos seus derivados como o açúcar e a cachaça começaram logo após o descobrimento. O RS até 1750 era parte da Espanha e neste ano com o Tratado de Madri aconteceu uma troca de territórios em que o atual território gaúcho passou para os portugueses que iniciaram a colonização em 1752 com o envio de casais açorianos que se instalaram incialmente nas regiões litorâneas. Foram estes imigrantes açorianos que trouxeram as primeiras mudas de cana diretamente das ilhas portuguesas.

O primeiro registro da cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul é de 1770 pelos irmãos Antônio e Manuel Nunes Benfica que se instalaram no Posto da Guarda, atual município de Santo Antônio da Patrulha, mas é provável que o cultivo já estivesse presente.  Em 1773 o imigrante Domingos Fernandes Lima trouxe mudas da Ilha da Madeira e instalou um engenho para a produção de aguardente na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Arroio na margem da Lagoa da Pinguela no atual município gaúcho de Osório. O primeiro registro da destilação no RS é de 1778.

Monumento aos imigrantes açorianos em Porto Alegre/RS. Foto: autor não identificado.

Em 1824 com a chegada dos imigrantes alemães o cultivo da cana é expandido para o litoral norte e para os vales dos rios dos Sinos e Caí e a produção dos seus derivados se torna fundamental para as colônias que os utilizam, principalmente a cachaça e rapaduras, como moeda de troca com os tropeiros e carreteiros por outros itens, ferramentas, sementes, tecidos, medicamentos, animais de tração como juntas de bois, cavalos e mulas, essenciais para a fixação, o desenvolvimento e a integração das colônias.

Arquitetura típica dos imigrantes alemães em Ivoti/RS.

Os imigrantes italianos a partir de 1875 também encontraram na cana-de-açúcar cultivada nos micro climas dos vales dos rios serranos como o Taquari, a energia para enfrentar os longos e rigorosos invernos sulinos e também utilizaram os derivados como uma moeda de troca na aquisição de produtos e equipamentos essenciais à sobrevivência das comunidades. Os imigrantes poloneses que chegaram ao RS em 1886 também cultivaram a cana-de-açúcar e da mesma forma que os anteriores utilizaram os derivados como fonte de energia e para trocas com os tropeiros, carreteiros e outras comunidades de imigrantes gaúchos.

Monumento aos imigrantes italianos em Bento Gonçalves/RS.

Atualmente a cana é cultivada em todas as regiões gaúchas, principalmente pela agricultura familiar com muitas plantações orgânicas. A produção de açúcar mascavo, cachaça, melado e rapaduras continuam importantes, inclusive ganhando destaques e premiações nacionais e internacionais. A Embrapa Clima Temperado situada em Pelotas/RS pesquisa e desenvolve variedade adaptadas ao clima subtropical do Rio Grande do Sul.

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2 comentários:

  1. Que beleza, Antônio. Eu conheci a cachaça, em Porto Lucena, lá por 1970, ao lado do meu pai. Eu tinha uns 5 anos che! Foi paixão eterna. Sinceramente, ao lado da nossa nova e do churrasco, cachaça, na forma da caipirinha, é o grande atrativo do Brasil para o mundo no universo da gastronomia!

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    1. Muito obrigado! A cachaça é realmente uma paixão e tem mesmo o nosso dna cultural brasileiro e gaúcho. Um brinde, saúde!

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Muito obrigado por seu comentário.