Barris de amburana da Tanoaria Mesacaza, Monte Belo do Sul/RS. |
A tanoaria
tem aproximadamente três mil anos. Originalmente utilizavam-se os barris para
conservar alimentos como peixe seco, arroz, azeite, frutas secas e até pólvora.
Percebeu-se que além de conservarem, outras características eram agregadas com
o tempo. O armazenamento de bebidas como o vinho demonstrou que diferentes
períodos de envelhecimento permitiam controlar a qualidade sensorial como
sabores e aromas.
O
desenvolvimento da tanoaria aconteceu principalmente em regiões ribeirinhas e
de produção vinícola e foi fundamental para o transporte e comércio de
alimentos e bebidas pelas caravanas e mais tarde pelas grandes navegações. A
principal madeira utilizada pelos tanoeiros europeus era o carvalho do leste e
francês. Atualmente a tanoaria é fundamental para a produção de bebidas como
uísques, conhaques, vinhos e no caso brasileiro, a cachaça. No Brasil, a
tanoaria chegou com os portugueses que ao não terem carvalho disponível na
colônia, começaram a experimentar as madeiras da Mata Atlântica em sua
substituição.
Eugênio Mesacaza, mestre tanoeiro, 2ª geração de tanoeiros em Monte Belo/RS. |
Esta arte e
tradição estão vivas na cidade de Monte Belo do Sul/RS, na bela paisagem da
Serra Gaúcha, onde está localizada a Tanoaria Mesacaza, empreendimento
familiar na terceira geração de tanoeiros.
Os cuidados durante o ciclo de produção contribuem com uma qualidade significativa para a tanoaria nacional, desde a estocagem adequada da madeira ao ar livre, fator fundamental para a qualidade sensorial dos tonéis, preparação das partes, montagem básica, passagem pelo vapor para tornar as fibras flexíveis, montagem final, queima, acabamento e armazenagem. A importação de tonéis de carvalho americano, europeu e francês para reforma ou remontagem garante um estoque significativo destas madeiras.
Os cuidados durante o ciclo de produção contribuem com uma qualidade significativa para a tanoaria nacional, desde a estocagem adequada da madeira ao ar livre, fator fundamental para a qualidade sensorial dos tonéis, preparação das partes, montagem básica, passagem pelo vapor para tornar as fibras flexíveis, montagem final, queima, acabamento e armazenagem. A importação de tonéis de carvalho americano, europeu e francês para reforma ou remontagem garante um estoque significativo destas madeiras.
Tanoaria e meio ambiente
Além dos carvalhos, muitas outras madeiras também são utilizadas, amburana, grápia, cabriúva, amendoim e outras adequadas ao uso na tanoaria que tenham procedência comprovada e documentação legal. Esta questão da legalidade das madeiras é uma preocupação central na Tanoaria Mesacaza: todas possuem Documento de Origem Florestal – DOF que assegura a origem e a rastreabilidade, garantindo que não procedem de desmatamentos ilegais ou que tenha em suas cadeias produtivas trabalho escravo e/ou infantil. Esta documentação é exigida pelo Ibama e pelo órgão estadual de fiscalização do RS – Fepam. Os cuidados com os aspectos ambientais do ciclo de produção também merecem atenção, com a otimização do uso dos recursos e das matérias primas, gerando o mínimo de resíduos, encaminhados para destinação ambientalmente adequada.
Mas também
existem preocupações em relação ao futuro, principalmente quanto à disponibilidade
de madeiras nativas brasileiras para manter e expandir a demanda que crescerá
nos próximos anos. Já existem madeiras como a castanheira e jequitibá, por
exemplo, que estão protegidas e que não há mais estoques disponíveis de
madeiras legalizadas, inviabilizando a renovação dos tonéis existentes. Com a
destruição das matas nativas, principalmente da Mata Atlântica e Amazônica onde
podem ser encontradas as madeiras nativas adequadas, é possível que aconteça o
mesmo com outras espécies como a amburana, ipê, grápia, cabriúva, freijó,
canela e outras fundamentais.
Estas
espécies são de crescimento lento e precisam da competição natural das
florestas para se desenvolverem adequadamente. Portanto, a manutenção e
recomposição das florestas são imprescindíveis e não é possível a
disponibilidade destas madeiras através de plantações exclusivas, pois nestas
circunstâncias as árvores não se desenvolvem adequadamente, apresentando muitos
nós entre outros defeitos, tornando-se inadequadas à tanoaria. Sem dúvida, para
o universo da cachaça estas são preocupações bem significativas...
Mauro Mesacaza, 3ª geração na arte da tanoaria. |
Indispensável
ressaltar que não é o uso no armazenamento e envelhecimento de cachaças que
está pressionando para a extinção destas espécies. Os barris tem uma
durabilidade significativa e com cuidados e políticas adequadas é possível a
recomposição florestal. O principal fator é o desmatamento ilegal para a
formação de pastagens e a expansão agrícola monocultural, onde são derrubadas
áreas originais de difícil recomposição e as madeiras nobres são queimadas,
inclusive muitas espécies indispensáveis à tanoaria.
O aroma das madeiras
Uma característica marcante é o aroma das madeiras. Inesquecível o aroma da cerejeira, da grápia, da cabriúva ou dos carvalhos.
Muitos dos tonéis de carvalho ainda mantêm o aroma original das bebidas envelhecidas durante vários anos, uísques, bourbons ou vinhos, antes de serem importados pela Tanoaria Mesacaza.
A mistura destes aromas de forma equilibrada e suave torna o ambiente muito agradável ao olfato.
Obrigado a todos que mantém essa arte viva
ResponderExcluir