sábado, 3 de julho de 2021

A arte e a cultura da tanoaria no Rio Grande do Sul.

Balcão produzido pelas Pipas Serval - Caxias do Sul/RS.

Assim como a cachaça, a tanoaria no Rio Grande do Sul também começou com os imigrantes, especificamente com os alemães.  Consta que na região do atual município de Ivoti em 1827 chegou Johannes Leuck vindo de Ungstein um vilarejo na região do Rio Reno na Alemanha onde fazia barris para vinhos. Ao chegar no RS dedicou-se ao cultivo de videiras e produzia seus próprios barris para armazenar sua produção. Atualmente a Família Leuck está na 7ª geração e continua fazendo barris e preservando a cultura tanoeira gaúcha.

Em um tempo em que não existiam dornas plásticas ou de inox para armazenar as cachaças e outras bebidas as dornas de madeiras eram a única solução tecnologicamente viável para se estocar este tipo de produto.  É aqui que surge um problema de logística: os carvalhos, madeiras seculares na confecção de barris, estão do outro lado do oceano, então onde conseguir madeiras que permitam armazenar estas quantidades grandes de bebidas e outros alimentos com segurança e eficiência?  A solução foram dornas de madeiras nativas, pois este era o recurso disponível em enormes árvores da Mata Atlântica. Obviamente que as fermentações também eram realizadas em dornas de madeiras.


Tanoaria Mesacaza - Monte Belo do Sul/RS.


Mas quais madeiras nativas os imigrantes usaram? Existem documentos que indicam que em 1850 na Colônia São Pedro - atual município de Dom Pedro de Alcântara no litoral norte gaúcho - foram produzidos 632 tonéis de 500 litros de cachaça. De que madeiras eram feitos estes tonéis? E que árvores dos vales e encostas dos rios os imigrantes italianos utilizaram a partir de 1875 quando ocuparam principalmente as serras gaúchas?

Não é possível afirmar com certeza, mas as madeiras que se tornaram tradicionais e que possuem todas as características necessárias à tanoaria são a grápia, a cabreúva, a canela sassafrás, a amburana, o angico e possivelmente utilizavam também ipês. Outras árvores certamente foram testadas, mas estas são as que apresentaram as características mais adequadas à construção de barris e armazenamento de cachaças e outras bebidas. Atualmente as tanoarias gaúchas trabalham com estas madeiras, carvalhos americanos e europeus, além de reformas, tostagens e revitalização de barris importados.


Tanoaria Leuck - Ivoti/RS.


Os imigrantes italianos a partir de 1875 desenvolveram muito a tanoaria gaúcha, inclusive dominavam técnicas mais apuradas com dornas e tonéis menores, que possibilitavam uma proteção maior e um armazenamento melhor e, portanto, uma qualidade mais apurada. Possivelmente foram os imigrantes italianos da Serra Gaúcha que iniciaram o uso sistemático do modelo bordalesa em adegas nos porões das casas onde armazenavam além de cachaça, vinhos, brandys e grappas. Existem várias tanoarias que tem descendentes de italianos como proprietários com várias gerações preservando esta arte da tanoaria, que ainda está bem presente na cultura dos povos que colonizaram o Rio Grande do Sul.

Atualmente algumas tanoarias, além dos barris tradicionais para o armazenamento de bebidas, utilizam a mesma técnica na produção de objetos decorativos, tinas de vários tamanhos, ofurôs, móveis provenientes de pipas antigas e até cabanas  que valorizam muito os espaços e ambientes aos quais são integrados.

Tanoarias gaúchas que localizamos durante a produção deste artigo.

Esta lista pode ser atualizada em qualquer tempo. Para isso, envie o nome, local e contato do empreendimento.

Tanoaria Mesacaza – Monte Belo do Sul/RS

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Serval Indústria de Pipas Ltda -  Caxias do Sul/RS

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Tanoaria Leuck – Ivoti/RS

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Tanoaria Monte Belo – Monte Belo do Sul/RS

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